Olhar telúrico
Carlos Borges Lima
Um tufo da terra dos pequenos grãos pilados poderá formar uma goma conectada para compor a leitura de pedaços compartimentados sob o chão batido, em conchas transparecem espelhados a representar os milhões dos seixos arrastados ao acaso nas correntes dos anos cravejados na memória do espaço ao açambarcamento profundo de um oceano ardente no universo primordial incandescente à superfície húmida do lodo das águas doces, e quantos dos seus ciscos viraram em nada, subiram em vapores e se esvaíram nas crateras indivisíveis, rupturas, traços pontiagudas de rochas secas, segredados minérios, indescritíveis minerais, crostas abissais, objetos que se esfarelaram, que por si só se conta nas pegadas dos passos da humanidade, nos fragmentos, vestígios, na possibilidade de sensações dos pertences ao alcance da imaginação, remonta à observação mínima da textura argilosa, engomada, em constante e livre mutação, mimética autenticidade rudimentar da esfera , quer se mantém invicta nas suas bases, quer inefável e oculta aos pormenores, nos detalhes. A displicente simplicidade se reflete na grandiosidade da interação humana com as partículas do acaso, aguerrida consciência ao conhecimento dos elementos principais para se compactar em si, a unicidade da permanência, imanência alquímica do barro, matéria prima de todos os tempos servis da arte na sua identidade impressa nessa digital da estampa do planeta contido nas partes flutuantes, levadas e trazidas pela integralidade dos infinitos de mundos do nosso interior a coletividade, reencontrados em Histórias de terra de Isabelle Catucci.