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A exposição reúne esculturas, desenhos e instalações desenvolvidas durante a residência artística no Armazém 56- Arte SX (de Outubro de 2020 a Março de 2021).
A proposta de trabalho apresentada acompanha as questões apontadas na investigação em curso do doutoramento em Escultura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, iniciada em 2019, sobre a relevância da terra, enquanto material e conceito, a partir da pesquisa de trabalhos artísticos latino-americanos em ibéricos.
Neste espectro, a prática artística desenvolvida durante a residência teve como objetivo elencar diálogos entre os materiais, palavras e objetos, mais do que desenvolver uma técnica ou um modo de representação do tema escolhido.
Contudo, o período de residência artística, propiciado através da seleção por edital público, aberto pela Câmara do Município de Seixal, permitiu desenvolver trabalhos em um ateliê de modo contínuo, auxílio essencial para o caso de trabalhos nas áreas tridimensionais como escultura e cerâmica.
Ao mesmo tempo em que conhecia o quotidiano da vila de pescadores de Seixal, as observações foram cartografadas de modo afetivo, em associações visuais, nas anotações sobre as impressões da paisagem, dos ritmos, dos caminhos, das pessoas e dos ambientes.
A exposição portanto, é também o resultado de um processo de reconhecimento do espaço, costumes e histórias compiladas durante o período da residência. A pesquisa processual sobre os fluxos, detalhes e intensidades da paisagem de Seixal foi enumerada em uma Carta Base (Cartografia Artística da Baía de Seixal), onde os trajetos, fatos históricos sobre a vila de pescadores, fotografias, desenhos, esquissos e apontamentos narrativos são recodificados.
Os mapas afetivos realizados neste período consideram tanto a noção de geolocalização, quanto a presença e o fluxo dos materiais e dos seres vivos. Nos trabalhos tridimensionais, a metodologia de investigação conciliou os testes de materiais (cerâmica, terra crua e assemblage) com a pesquisa conceitual, a relevância dos materiais nos seus contextos. Portanto, os trabalhos foram desenvolvidos como um processo, em conjunto, onde foram consideradas as fotografias, as anotações, as amostras e os objetos coletados.
Embora o período de confinamento causado pela pandemia tenha limitado as relações sociais e as possibilidades de interações com o público, este site é uma tentativa de partilhar um pouco desta pesquisa, do modo de realização dos trabalhos e da poética que os acompanham. Os textos e os registros fotográficos da exposição trazem um olhar intimista sobre as peças, resgatam um modo de observar a exposição, que pode ser multiplicado a depender a cada leitura.
Soterrar os desejos e reinventar a roda do tempo, com estes desafios, foram realizados os trabalhos de carácter instalativo, em conjuntos que ora contradizem a exuberância do pensamento sobre a totalidade e imanência da terra - por sublinharem o interesse de demarcação e controle do solo, ora misturam-se com o emaranhado das ruínas e dos fragmentos objetuais inerentes à cultura e à inscrição humana no espaço.
exposição
texto Visão telúrica
Ficha técnica
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