


A metáfora da bolha, quando confrontada com o relevo geológico extremo.
O confinamento e a restrição dos contatos, em uma espécie de bolha de relacionamentos, o cuidado com o toque, com as superfícies. O receio de transmissão.
Da janela de nossas construções imaginárias, desta suposta camada de isolamento, avistamos uma possibilidade de rompimento, a frágil película da vontade em contraste com a quebra da planície, do acidente.

O abysmo da bolha. Isabelle Catucci. Desenho e aquarela sobre papel. 1,60 x 0,70 m. Foto da autora, 2020.
Abysmo. Antiga grafia com a sugestiva letra y em descaída. O espaço de supressão. Onde não conseguimos alcançar sem esforço e cuja queda é um risco.
Para os terrícolas, a bolha flutua até estourar. Pertence à paisagem como uma membrana que depois de desfeita é reintegrada. Já o abismo, é sinal de interdição, interrupção e dificuldade. Não há continuidade na facilidade do trajeto. Ainda assim, sua topologia indica continuidade matérica, solo em diferença de nível.
Os acessos e deslocamentos são modificados pela flutuação da bolha. Entretanto, somos ainda impelidos pelos campos magnéticos e pela gravidade, cuja força é percebida nos relevos e geografias.
Cartografias de sentidos e interdições, lembranças dos sentidos hápticos e das intenções pautadas pelas perspectivas.



