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Terrasarrasadas

Quantas terras temos? Quantas destas terras nos tem? De quais Terras dispomos?

A pesquisa em cerâmica compreende a imaginação dos materiais, da terra, da queima, do derretimento da camada vítrea de esmalte. Não é raro compararmos o movimento de rotação o torno de oleiro com o movimento da terra no espaço. Destas reflexões, do fazer cotidiano da cerâmica, somadas à pesquisa em arte contemporânea, que conduz a um pensamento sobre a sociedade, surge a instalação Terrasarrasadas.

A investigação sobre terra e território apresentada na série “Esquadrias submersas”(2017), inicia a discussão sobre o limite espacial, o desejo delimitação dos mapas, da vontade de contenção territorial versus a ocupação ou ausência de espaços determinados. Na instalação com cerâmica e carvão, Terrasarrasadas (2019) o movimento é outro, já que estamos englobando os territórios, distanciamo-nos em uma outra perspectiva, em imagens de satélites, ensaiamos  outras visões de nossa ocupação espacial , na qual, em um universo de valores, poderíamos presumir nosso habitat em quantidades, quilômetros, temperaturas, tempos. Esta outra consciência espacial, macroscópica, nos avizinha de outros sistemas e ao mesmo tempo, nos diz de nossa dependência, desta Terra.

Na contramão dos "ecolhares", extraímos da terra toda a energia disponível, mantemos a queima de energia a todo vapor. Na entropia dos sistemas, mesmo conscientes da finitude dos recursos, continuamos contando os anos em que a terra nos suportaria, ou, quantos anos ainda podemos suportar antes de que esta terra que conhecemos, seja irreversivelmente modificada. A cada previsão, uma terra, a cada avanço calculado, o absurdo, a terra que não poderá ser habitada, a busca por algum outro planeta para morar. Neste universo de possibilidades, a cada avanço de terra arrasada, de sertões e áreas alagadas produzidos pela ação humana, quantas terras ainda temos, quantas destas terras nos tem? De quais Terras dispomos?

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